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Enterrando a Nakba: Como Israel esconde, sistematicamente, evidências da expulsão de árabes em 1948

Reportagem de Hagar Shezaf publicada no jornal israelita Haaretz, a 5 de julho de 2019,

traduzido pela Missão Diplomática da Palestina em Lisboa.

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Nota sobre a reportagem e a sua tradução:

Esta reportagem revela detalhes muito importantes sobre o processo sistemático levado a cabo por Israel, na tentativa de esconder e apagar todas as referências da catástrofe palestiniana, a Nakba de 1948, assim como quaisquer provas dos massacres e crimes de guerra cometidos na altura. Este processo revela-se pela obrigatoriedade do sigilo e confidencialidade impostos nos diversos documentos históricos relacionados com 1948. Centenas de documentos foram, escondidos como parte deste esforço sistemático de ocultação de provas.

Não obstante da sua grande importância, esta reportagem fornece muito poucos factos novos relativos aos massacres planeados e cometidos de forma sistemática pelos gangues sionistas contra palestinianos. Dados estes que já foram provados por muitos historiadores palestinianos e israelitas. O cerne deste artigo reside na discussão sobre o futuro dos documentos que comprovam a Nakba e os seus detalhes.

É importante mencionar, que esta discussão foi realizada dentro da sociedade israelita. Como tal, pouco se refere à necessidade de apresentar criminosos a julgamento, centrando-se apenas numa discussão israelita interna sobre a falta de democracia e transparência dentro de Israel.

Existe nesta reportagem um certo discurso de normalização e banalização dos massacres, até mesmo nas passagens que retratam confissões.

No entanto, a Missão Diplomática da Palestina, mesmo tendo todas estas reservas em consideração, tomou a decisão de traduzir e distribuir esta reportagem pela grande importância acima mencionada.

Levando em conta o anteriormente referido, a Missão Diplomática da Palestina não se identifica com muitos dos termos utilizados nesta reportagem, como por exemplo “fuga” ou “emigração em massa da população árabe”, achando mais correcto e verdadeiro dizer-se “expulsão dos palestinianos”, da mesma forma que também discorda da utilização de “Guerra da Independência” ao invés de “Nakba”.

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 Desde o início da década passada, as equipes do Ministério da Defesa têm vasculhado arquivos locais e removido documentos históricos para ocultar provas da Nakba.

Há quatro anos, a historiadora Tamar Novick ficou chocada com um documento que encontrou no arquivo de Yosef Waschitz, do Departamento Árabe do Partido Mapam de esquerda, parte do arquivo Yad Yaari, em Givat Haviva. Este documento, que parecia descrever eventos ocorridos durante a guerra de 1948, começa assim:

 “Safsaf [antiga aldeia palestiniana perto de Safed] – 52 homens foram apanhados, amarrados uns aos outros, um buraco foi cavado e foram baleados. 10 estavam ainda a contorcer-se. As mulheres vieram, implorando por misericórdia. Foram encontrados corpos de 6 homens idosos. Havia 61 corpos. 3 casos de violação, um deles a leste de Safed de uma menina de 14 anos. 4 homens foram baleados e mortos. A um deles foram-lhe cortados os dedos com uma faca para tirar o anel.”

 O autor continua a descrever mais massacres, assaltos e abusos perpetrados pelas forças israelitas na Guerra da Independência de Israel. “Não há nome no documento e não está claro quem está por trás do mesmo”, diz Novick ao Haaretz. “Também está interrompido a meio. Achei-o muito perturbador. Percebi que ao encontrar um documento como este, fico com a responsabilidade de esclarecer o que aconteceu.”

 A vila de Safsaf, na Alta Galileia, foi tomada pelas Forças de Defesa de Israel na Operação Hiram no final de 1948. A Moshav Safsufa foi fundada nas suas ruínas. Alegações de que a Sétima Brigada cometeu crimes de guerra na aldeia foram feitas ao longo dos anos. Essas acusações são apoiadas pelo documento que Novick encontrou, que não era conhecido pelos investigadores. Poderia também ter constituído prova adicional de que os superiores israelitas sabiam exatamente o que estava a acontecer em tempo real.

 Novick decidiu consultar outros historiadores sobre o documento. Benny Morris, cujos livros são indispensáveis no estudo da Nakba – a “calamidade”, como os palestinianos se referem à emigração, em massa, de árabes do país durante a guerra de 1948 – disse-lhe que também ele tinha encontrado documentos semelhantes no passado. Morris referia-se às notas escritas pelo membro do Comité Central da Mapam, Aharon Cohen, com base numa informação dada em novembro de 1948 por Israel Galili, ex-chefe de gabinete da milícia Haganah, que se transformou em Força de Segurança Israelita. As notas de Cohen, neste caso publicadas por Morris, afirmavam: “Em Safsaf: 52 homens amarrados com uma corda. Atirados num buraco e baleados. 10 pessoas foram mortas. As mulheres pediram misericórdia. Houve 3 casos de violação. Apanhados e libertados. Uma menina de 14 anos foi violada. Outros 4 foram mortos. Anéis tirados com facas.”

 A nota de rodapé de Morris (no seu importante livro “O Nascimento do Problema dos Refugiados Palestinianos, 1947-1949”) afirma que este documento também foi encontrado no Arquivo Yad Yaari. Mas quando Novick voltou a examinar o documento, ficou surpreendida ao descobrir que este já não estava lá.

Refugiados da Palestina inicialmente deslocados para Gaza, a entrar em barcos com destino ao Líbano ou Egipto, em 1949. Hrant Nakashian / 1949 Arquivos das Nações Unidas.
Refugiados da Palestina inicialmente deslocados para Gaza, a entrar em barcos com destino ao Líbano ou Egipto, em 1949. Hrant Nakashian / 1949 Arquivos das Nações Unidas.

 “No início, pensei que talvez Morris não tivesse sido preciso na sua nota de rodapé, que talvez ele tivesse cometido um erro”, lembra Novick. “Demorei algum tempo até considerar a possibilidade de que o documento tivesse simplesmente desaparecido.” Quando perguntou aos responsáveis onde estava o documento foi informada de que este teria sido trancado à chave no Yad Yaari, por ordem do Ministério da Defesa.

 Desde o início da última década, as equipes do Ministério da Defesa têm vasculhado os arquivos de Israel e retirado documentos históricos. No entanto, não são apenas os documentos relacionados com o projeto nuclear israelita ou com as relações externas do país que estão a ser transferidos para os cofres. Centenas de outros documentos foram, também, escondidos como parte de um esforço sistemático de ocultação de provas da Nakba.

 O fenómeno foi detectado, pela primeira vez, pelo Instituto Akevot para Investigação do Conflito Israel-Palestina. De acordo com um relatório elaborado por este instituto, esta operação é liderada pelo Malmab, sigla em hebraico para Departamento Secreto de Segurança do Ministério da Defesa, cujas atividades e orçamento são confidenciais. O relatório afirma que Malmab removeu os documentos históricos ilegalmente e sem autoridade para tal e, pelo menos em alguns casos, selou documentos, que tinham sido libertados previamente, pelo censor militar, para publicação. Alguns dos documentos que foram colocados em cofres já tinham sido publicados no passado.

 Uma investigação do Haaretz descobriu que Malmab escondeu o testemunho dos generais das Forças de Defesa de Israel sobre a morte de civis e a demolição de aldeias, bem como os documentos sobre a expulsão de beduínos durante a primeira década do estado. Conversas, conduzidas pelo Haaretz, com directores de arquivos públicos e privados revelaram que a equipa do Departamento de Segurança tinha tratado os arquivos como sua propriedade, em alguns casos ameaçando os próprios directores.

 Yehiel Horev, que liderou Malmab ao longo de duas décadas até 2007, reconheceu ter lançado este projeto, que ainda está em curso. Afirma que faz sentido esconder os acontecimentos de 1948, pois revelá-los poderia gerar desassossego entre a população árabe do país. Questionado sobre a remoção de documentos que já foram publicados, explicou que o objetivo desse comportamento é pôr em causa a credibilidade dos estudos sobre a história do problema dos refugiados. Na opinião de Horev, uma alegação feita por um pesquisador sustentada por um documento original, não é o mesmo que uma alegação que não pode ser provada ou atestada.

O documento que Novick procurava poderia ter reforçado o trabalho de Morris. Durante a investigação, Haaretz conseguiu encontrar o memorando de Aharon Cohen, resumo de uma reunião do Comité Político de Mapam, sobre o tema dos massacres e expulsões em 1948. Os participantes da reunião pediram cooperação, através de uma comissão de inquérito que investigaria os eventos. Um dos casos que o comité discutiu dizia respeito a “acções graves” realizadas na aldeia de Al-Dawayima, a leste de Kiryat Gat. Um participante mencionou, neste contexto, a milícia clandestina de Lehi, dissolvida mais tarde. Actos de saque também foram relatados: “Lod e Ramle, Be’ers Sheva, não há uma loja [árabe] que não tenha sido invadida. 9ª Brigada diz 7, 7ª Brigada diz 8.”

“O partido”, afirma o documento perto do final, “é contra a expulsão, se não houver necessidade militar para tal. Existem diferentes abordagens sobre a avaliação da necessidade. E é preciso mais esclarecimentos. O que aconteceu na Galileia são actos nazis! Cada um dos nossos membros deve relatar o que sabe.”

 A versão israelita

Um dos documentos mais fascinantes sobre a origem do problema dos refugiados palestinianos foi escrito por um oficial em Shai, o precursor do serviço de segurança do Shin Bet. Este discute o porquê de o país ter sido esvaziado de tantos dos seus habitantes árabes, enfatizando as circunstâncias de cada aldeia. Compilado no final de Junho de 1948, foi intitulado “A Emigração dos Árabes da Palestina”. (O documento traduzido para inglês)

 Este documento serviu de base a um artigo que Benny Morris publicou em 1986. Depois de o artigo ser publicado, o documento foi removido do arquivo e tornado inacessível aos investigadores. Anos depois, a equipa de Malmab reexaminou o documento e ordenou que ele permanecesse confidencial. Não imaginavam, porém, que, alguns anos depois, os investigadores de Akevot viriam a encontrar uma cópia do texto e a submeteriam à análise dos censores militares – que autorizaram a sua publicação de forma incondicional. Agora, anos depois da sua ocultação, a essência do documento é aqui revelada.

 O documento de 25 páginas começa com uma introdução que corrobora a evacuação das aldeias árabes. Segundo o autor, o mês de Abril testemunhou “um aumento da emigração”, enquanto o mês de Maio “foi abençoado com a evacuação do máximo de lugares”. O relatório aborda então “as causas da emigração árabe”. Segundo a narrativa israelita, difundida ao longo dos anos, a responsabilidade para o exílio de Israel recai sobre os políticos árabes que encorajaram a população a sair. No entanto, de acordo com este documento, 70% dos árabes saíram como resultado de operações militares judaicas.

 O autor, não identificado, do texto coloca as razões para a saída dos árabes por ordem de importância. A primeira razão: “Actos judaicos directos de hostilidade contra as localidades árabes”. A segunda, o impacto dessas ações nas aldeias vizinhas. Em terceiro lugar de importância, vieram as “operações dos separatistas”, ou seja, pelos grupos Irgun e Lehi. A quarta razão para o êxodo dos árabes foram as ordens emitidas por instituições árabes e “gangues” (forma como o documento se refere a todos os grupos árabes de luta); a quinta foram “Os actos judeus de espalhar boatos para induzir os habitantes árabes a fugir ”; e a sexta os “ultimatos de evacuação”.

Crianças palestinianas a aguardar distribuição de leite pela UNICEF no convento das Irmãs Franciscanas de Nazaré, no 1º de janeiro de 1950. AW / UN
Crianças palestinianas a aguardar distribuição de leite pela UNICEF no convento das Irmãs Franciscanas de Nazaré, no 1º de janeiro de 1950. AW / UN

 O autor afirma que, “sem dúvida, as operações hostis foram a principal causa para a saída da população”. Além disso, “os altifalantes em língua árabe provaram a sua eficácia nas ocasiões em que foram utilizados adequadamente”. Quanto à Irgun e às operações de Lehi, o relatório relata que “muitas das aldeias da região central da Galileia começaram a fugir após o rapto dos notáveis do xeque Muwannis [uma vila a norte de Tel Aviv]. Os árabes aprenderam que não é suficiente ter um acordo com a Hagana e que existem outros judeus [isto é, as milícias separatistas] de quem é preciso ter cuidado”.

 O autor relata que os ultimatos de evacuação foram especialmente utilizados no centro da Galileia e menos na região do Monte Gilboa. “Naturalmente que, o ultimato, elaborado como um ‘conselho amigável’, é posterior a uma certa preparação no terreno por meio de acções hostis na zona.”

Um apêndice do documento descreve as causas específicas do êxodo de cada uma das dezenas de localidades árabes: Ein Zeitun – “nossa destruição da aldeia”; Qeitiya – “assédio, ameaça de reagir”; Almaniya – “nossa acção, muitos mortos”; Tira – “conselho judaico amigável”; Al’Amarir – “depois de roubos e homicídios cometidos pelos separatistas”; Sumsum – “nosso ultimato”; Bir Salim – “ataque ao orfanato”; e Zarnuga – “conquista e expulsão”.

 Curto circuito

No início do milénio, o Centro Yitzhak Rabin realizou uma série de entrevistas com ex-figuras públicas e militares, como parte de um projeto para documentar as suas actividades ao serviço do Estado. O longo braço de Malmab também se baseou nessas entrevistas. O Haaretz, que obteve os textos originais de várias das entrevistas, comparou-as às versões que estão agora disponíveis ao público, após grande parte delas terem sido declaradas confidenciais.

Estas incluem, por exemplo, partes do testemunho do Brigadeiro General (res.) Aryeh Shalev sobre a expulsão, ao longo da fronteira, dos habitantes de uma aldeia que ele chamou de “Sabra”. Mais tarde, na entrevista, as seguintes frases foram excluídas: “Havia um problema muito sério no vale. Havia refugiados que queriam regressar ao vale, ao Triângulo [uma concentração de cidades e aldeias árabes no leste de Israel]. Nós expulsámo-los. Encontrei-me com eles para convencê-los a mudar de opinião. Tenho documentos sobre isso.

 Outro exemplo revela-se quando Malmab decidiu ocultar o seguinte trecho da entrevista que o historiador Boaz Lev Tov conduziu ao Major-General (res.) Elad Peled:

 Lev Tov: “Estamos a falar de uma população – mulheres e crianças?”

Peled: “Todos, todos. Sim.”

Lev Tov: “Não se faz distinção entre eles?”

Peled: “O problema é muito simples. A guerra é entre duas populações. Eles saíram da casa deles.”

Lev Tov: “Se a casa existir, eles têm algum lugar para voltar?”

Peled: “Não são exércitos ainda, são gangues. Nós também somos gangues. Saímos das casas e voltámos. Eles saem das casas e voltam. As casas ou são deles ou são nossas.

Lev Tov: “A geração mais nova preocupa-se com isto?”

Peled: Sim. Hoje, quando me sento numa poltrona aqui e penso no que aconteceu, todo o tipo de pensamentos me vêm à mente”.

Lev Tov: “Não foi sempre assim, então?”

Peled: “Olhe, deixe-me dizer algo cruel e ainda menos agradável, sobre a grande invasão em Sasa [aldeia palestiniana na Alta Galileia]. O objetivo era realmente dissuadi-los, dizendo-lhes: “Queridos amigos, o Palmach [as tropas de choque da Haganah] podem chegar a todo o lado, vocês não estão imunes”. Esse era o coração da população árabe. Mas, que fizemos nós? O meu pelotão explodiu 20 casas com tudo o que estava lá dentro.

Lev Tov: “Enquanto as pessoas lá dormiam?”

Peled: “Suponho que sim. O que aconteceu foi, chegámos, entrámos na aldeia, plantámos uma bomba ao lado de cada casa e depois Homesh tocou a trombeta, uma vez que não tínhamos rádios. Esse era o sinal [para as nossas forças] para sair. Corremos no sentido contrário, os sapadores ficaram, tudo era primitivo na altura. Estes acendiam o fusível ou puxavam o detonador e todas as casas desapareciam.”

 Outro excerto que o Ministério da Defesa queria manter longe do público surgiu na conversa do Dr. Lev Tov com o Major General Avraham Tamir:

 Tamir: “Eu estava sob o comando de Chera [Major General Tzvi Tzur, mais tarde Chefe de Gabinete das Forças de Defesa de Israel], e tinha excelentes relações de trabalho com ele. Ele deu-me liberdade de acção, e, por acaso, eu era responsável pelo trabalho de equipa e pelas operações durante dois dos desenvolvimentos que resultaram da política de [Primeiro Ministro David] Ben-Gurion. Um dos desenvolvimentos deu-se quando chegaram os relatórios sobre as marchas de refugiados da Jordânia para as aldeias abandonadas. Com estes Ben-Gurion implementou a política de demolição [das aldeias] para que não tivessem para onde voltar. Fê-lo em todas as aldeias árabes, a maioria das quais estavam [na área] sob o Comando Central.”

Lev Tov: “Aquelas que ainda estavam de pé?”

Tamir: “As que ainda não tinham sido habitadas por israelitas. Havia lugares onde já tínhamos inserido israelitas, como Zakariyya e outras terras. Mas a maioria delas ainda eram aldeias abandonadas.

Lev Tov: “Que estavam de pé?”

Tamir: “De pé. Era necessário que não houvesse lugar para eles voltarem, por isso mobilizei todos os batalhões de engenharia do Comando Central e, no espaço de 48 horas, demoli todas aquelas aldeias. Ponto. Não haveria lugar para onde voltar.

Lev Tov: “Sem hesitação, imagino.”

Tamir: “Sem hesitação. Essa foi a política. Mobilizei as forças, fiz o trabalho e acabou”.

Soldados das Forças de Defesa de Israel em Ramle, no ano de 1948. Coleção de Benno Rothenberg/ Arquivo das Forças de Defesa de Israel
Soldados das Forças de Defesa de Israel em Ramle, no ano de 1948. Coleção de Benno Rothenberg/ Arquivo das Forças de Defesa de Israel

 Caixas em cofres

A arrecadação do Centro de Documentação e Pesquisa Yad Yaari fica numa cave. No cofre, que é na verdade uma sala pequena e bem protegida, há pilhas de caixas com documentos confidenciais. O arquivo abriga os materiais do movimento Hashomer Hatzair, o movimento de Kibbutz Ha’artzi, de Mapam, de Meretz e de outras entidades, como a Peace Now.

 O director do arquivo é Dudu Amitai, que também é presidente da Associação de Arquivistas de Israel. De acordo com Amitai, o pessoal de Malmab visitou o arquivo, regularmente, entre 2009 e 2011. Os funcionários do arquivo dizem que as equipas do Departamento de Segurança – dois aposentados do Ministério da Defesa sem treino de arquivo – apareciam duas ou três vezes por semana. Eles procuravam documentos com palavras-chave como “nuclear”, “segurança” e “censura”, assim como também dedicavam um tempo considerável à Guerra da Independência e ao destino das aldeias árabes pré-1948.

 “No final, enviaram um resumo para nós, dizendo que tinham localizado algumas dúzias de documentos confidenciais”, diz Amitai. “Geralmente, não separamos ficheiros. Logo, dezenas de arquivos, na íntegra, chegaram ao nosso cofre e foram removidos do catálogo público”. Um arquivo pode conter mais de 100 documentos.

 Um dos arquivos que foi selado está relacionado com o governo militar que controlava as vidas dos cidadãos árabes de Israel, desde 1948 até 1966. Durante anos, os documentos foram armazenados no mesmo cofre, inacessíveis aos investigadores. Recentemente, na sequência de uma solicitação do professor Gadi Algazi, Historiador da Universidade de Tel Aviv, Amitai examinou o arquivo pessoalmente e chegou à conclusão de que não havia razão para não divulgá-lo, apesar da opinião do Malmab.

 De acordo com Algazi, pode haver várias razões para o Malmab ter decidido manter o arquivo confidencial. Uma delas está relacionada com um anexo secreto que contém um relatório de um comité que examinou o funcionamento do governo militar. O relatório refere-se, quase na íntegra, às batalhas de propriedade da terra entre o Estado e os cidadãos árabes, e quase não faz referência a questões de segurança.

 Outra possibilidade é a existência de um relatório de 1958 do comité ministerial que supervisionou o governo militar. Num dos apêndices secretos deste relatório, o Coronel Mishael Shaham, um oficial sénior do governo militar, explica que uma das razões para não desmantelar o aparato da lei marcial é a necessidade de restringir o acesso dos cidadãos árabes ao mercado de trabalho e impedir a restauração das aldeias destruídas.

Uma terceira explicação possível para esconder o arquivo diz respeito aos testemunhos históricos inéditos sobre a expulsão de beduínos. Na véspera do estabelecimento de Israel, quase 100.000 beduínos viviam no Negev. Três anos depois, o seu número caiu para 13.000. Nos anos durante e após a Guerra da Independência, várias operações de expulsão foram realizadas no sul do país. Em um dos casos, observadores da ONU relataram que Israel expulsou 400 beduínos da tribo Azazma e citou testemunhos sobre tendas queimadas. A carta que aparece no arquivo secreto descreve uma expulsão similar realizada em 1956, como relatado pelo geólogo Avraham Parnes:

A Evacuação do Iraque al-Manshiyya, perto da chamada, nos dias de hoje, Kiryat Gat, em Março de 1949. Colecção de Benno Rothenberg / Arquivo das Forças de Defesa de Israel
A Evacuação do Iraque al-Manshiyya, perto da chamada, nos dias de hoje, Kiryat Gat, em Março de 1949. Colecção de Benno Rothenberg / Arquivo das Forças de Defesa de Israel

 “Há um mês atrás visitámos Ramon. Os beduínos, da região de Mohila, vieram até nós com os seus rebanhos e as suas famílias e disseram-nos para comermos pão com eles. Eu respondi que tínhamos muito trabalho para fazer e não tínhamos tempo. Na nossa visita, esta semana, fomos, novamente, em direção à Mohila. Em vez dos beduínos e dos seus rebanhos, encontrámos um silêncio mortal. Dezenas de carcaças de camelos foram espalhadas na área. Viemos a saber que, três dias antes, as Forças de Defesa de Israel tinham “lixado” os beduínos e os seus rebanhos tinham sido abatidos – os camelos foram baleados e as ovelhas atingidas com granadas. Um dos beduínos, que começou a reclamar, foi morto, os restantes fugiram.”

 O testemunho continuou: “Duas semanas antes tinham recebido ordens para ficar onde estavam por enquanto, depois receberam ordens para sair. Para acelerar o processo, 500 cabeças de gado foram abatidas… A expulsão foi executada ‘eficientemente’.” A carta segue citando o que um dos soldados disse a Parnes. De acordo com o seu testemunho: “Eles não se vão embora, a menos que acabemos com os seus rebanhos. Uma jovem, de cerca de 16 anos, aproximou-se de nós. Tinha um colar de contas de cobras de latão. Arrancámos o colar e cada um de nós ficou com uma conta como recordação.”

 A carta foi originalmente enviada ao Membro do Knesset Yaakov Uri, de Mapai, que a transmitiu ao Ministro do Desenvolvimento, Mordechai Bentov (Mapam). “A sua carta chocou-me”, escreveu Uri a Bentov. Este último circulou a carta entre todos os ministros, escrevendo: “Na minha opinião o Governo não pode, simplesmente, ignorar os factos relatados na carta.” Bentov acrescentou que, à luz do terrível conteúdo da carta, pediria a especialistas em segurança para verificarem a sua credibilidade. Estes confirmaram que o conteúdo “de facto, em modo geral, está em conformidade com a verdade”.

 Desculpa nuclear       

Foi durante o mandato do historiador Tuvia Friling como Chefe dos arquivos de Israel de 2001 a 2004, que o Malmab realizou as suas primeiras incursões arquivísticas. O que começou como uma operação para evitar deixar escapar segredos nucleares, tornou-se, com o tempo, num projeto de censura em grande escala.

 “Demiti-me depois de três anos, e essa foi uma das razões”, diz Prof. Friling. “A confidencialidade imposta nos documentos sobre a emigração dos árabes em 1948 é precisamente um dos exemplos pelos quais estava apreensivo. O sistema de armazenamento e arquivo não é um ramo das relações públicas do Estado. Se há algo que alguém não gosta, bem, é a vida. Uma sociedade saudável também aprende com os seus erros”.

 Porque é que Friling permitiu que o Ministério da Defesa tivesse acesso aos arquivos? A razão, como o próprio diz, era a intenção de tornar público material de arquivo via internet. Em discussões sobre as implicações da digitalização do material, o Ministério expressou a sua preocupação sobre a publicação de referências a “determinados tópicos”, por engano, nos documentos. Os tópicos, são, claramente, o projeto nuclear de Israel. Friling insiste que a única autorização que o Malmab recebeu foi a de procurar documentos sobre este assunto.

 Mas a actividade do Malmab é apenas um exemplo de um problema mais amplo, refere Friling: “Em 1998, a confidencialidade dos documentos mais antigos nos arquivos, de Shin Bet e Mossad, expirou. Durante anos, estas duas instituições desrespeitaram o Chefe dos arquivos. Quando assumi o meu cargo, pediram-me que a confidencialidade de todo o material fosse estendida [de 50] a 70 anos, o que é ridículo – a maior parte do material tem que estar aberto aos investigadores”.

 Em 2010, o período de confidencialidade foi estendido para 70 anos; em fevereiro passado foi prorrogado novamente para 90 anos, apesar da oposição do Conselho Supremo de Arquivos. “O Estado pode impor confidencialidade em alguns documentos”, diz Friling. “A pergunta é se a questão da segurança não servirá apenas como desculpa. Em muitos casos, isto já se torna uma comédia”.

 Na opinião de Dudu Amitai da Yad Yaari, o sigilo imposto pelo Ministério da Defesa deve ser questionado. Quando estava no cargo, como conta, um dos documentos colocados no cofre era uma ordem emitida, durante uma trégua na Guerra da Independência, por um General das Forças de Defesa de Israel, para que as suas tropas se abstivessem de violações e roubos. Agora, Amitai pretende examinar os documentos que foram depositados no cofre, especialmente documentos de 1948, e abrir o que for possível. “Faremos, com cautela e responsabilidade, mas reconhecendo que o Estado de Israel precisa aprender a lidar com os aspectos menos agradáveis da sua História”.

 Ao contrário de Yad Yaari, onde o pessoal do Ministério já não realiza as visitas, em Yad Tabenkin, centro de pesquisa e documentação do Movimento dos Kibutzes Unidos, continuam a examinar documentos. O Diretor, Aharon Azati, chegou a um acordo com as equipas do Malmab, à luz do qual os documentos só seriam transferidos para o cofre se ele estivesse convencido de que isso se justificava. Também aqui, em Yad Tabenkin, o Malmab ampliou as suas buscas para além do âmbito do projeto nuclear, para abranger entrevistas conduzidas por funcionários de arquivos com ex-membros do Palmach, e chegou mesmo a examinar o material sobre a história dos colonatos nos territórios ocupados.

Malmab mostrou interesse, por exemplo, no livro de língua hebraica “Uma Década de Silenciamento: Política de Colonização nos Territórios 1967-1977”, escrito por Yehiel Admoni, Diretor do Departamento da Agência Judaica para a colonização, sobre a década indicada, publicado por Yad Tabenkin em 1992. Este livro menciona um plano para transferir refugiados palestinianos do Vale do Jordão e para desenraizar 1.540 famílias beduínas da área de Rafah, na Faixa de Gaza, em 1972, referindo uma operação que incluía a vedação de poços pelas Forças de Defesa de Israel. Ironicamente, no caso dos beduínos, Admoni cita o ex-ministro da Justiça Yaakov Shimshon Shapira, dizendo: “Não é necessário estender o raciocínio de segurança longe demais. Todo o episódio beduíno não é um capítulo glorioso para o Estado de Israel”.

 Segundo Azati, “estamos a caminhar, cada vez mais, para um aperto. Embora esta seja uma era de abertura e transparência, aparentemente há forças que estão a puxar na direção oposta”.

Refugiados Palestinianos a sair da sua vila, lugar desconhecido, 1948, UNRWA
Refugiados Palestinianos a sair da sua vila, lugar desconhecido, 1948, UNRWA

 Sigilo não autorizado

Há cerca de um ano, a Assessora Jurídica do Arquivo Estatal, a advogada Naomi Aldouby, escreveu um artigo de opinião intitulado “Ficheiros Escondidos, sem Autorização, em Arquivos Públicos”. Segundo ela, a política de acessibilidade aos arquivos públicos é de competência exclusiva do diretor de cada instituição.

 Apesar da opinião de Aldouby, na grande maioria dos casos, os arquivistas que enfrentaram decisões não razoáveis do Malmab não levantaram objeções. Não até 2014, quando o staff do Ministério da Defesa chegou ao arquivo do Instituto de Pesquisa Harry S. Truman, na Universidade Hebraica de Jerusalém. Para surpresa dos visitantes, o pedido para examinar o arquivo – que contém coleções do ex-ministro e diplomata Abba Eban e do Major General Shlomo Gazit – foi recusado pelo então Diretor, Menahem Blondheim.

 De acordo com as palavras de Blondheim: “Disse-lhes que os documentos em questão tinham décadas e que não acreditava que houvesse algum problema de segurança que justificasse restringir o seu acesso aos investigadores”. Em resposta, disseram: “Digamos que, e se houver um testemunho de que os poços foram envenenados na Guerra da Independência?”. Ao que Blondheim respondeu: “Bom, nesse caso, essas pessoas devem ser levadas a julgamento”.

 A recusa de Blondheim levou a uma reunião com um oficial de hierarquia superior do Ministério, só que, desta vez, a atitude que encontrou foi diferente, recebendo ameaças explícitas. Por fim, os dois lados chegaram a um acordo.

 Benny Morris não ficou surpreendido com a actividade do Malmab. “Eu sabia disso”, diz ele. “Não oficialmente, ninguém me informou, mas eu percebi quando descobri que documentos que eu tinha visto no passado agora estão selados. Há documentos do Arquivo das Forças de Defesa de Israel que usei para um artigo sobre Deir Yassin, que agora estão selados. Quando cheguei ao arquivo, já não tinha permissão para ver o original. Então coloquei numa nota de rodapé [no artigo] que o Arquivo do Estado me tinha negado o acesso a documentos que eu tinha publicado há 15 anos”.

 O caso Malmab é apenas um exemplo da batalha que está a ser travada para se poder aceder a arquivos em Israel. De acordo com o director executivo do Instituto Akevot, Lior Yavne, “O Arquivo das Forças de Defesa de Israel, o maior arquivo de Israel, está quase hermeticamente selado. Apenas cerca de 1% do material está aberto. O arquivo do Shin Bet, que contém materiais de imensa importância [para investigadores], está totalmente fechado, à excepção de meia dúzia de documentos.”

 Após a sua reforma, Yaacov Lozowick, anterior chefe nos Arquivos do Estado, escreveu um artigo no qual refere o controlo da instituição de defesa sobre os materiais de arquivo do país. Neste, ele escreve: “Uma democracia não deve esconder informação, pois assim será responsável pelo prejuízo do Estado. Na prática, a instituição de segurança de Israel e, em certa medida, a das relações externas também, estão a interferir na discussão [pública].”

 Defensores da ocultação apresentam vários argumentos, como refere Lozowick: “Tornar os factos de domínio público poderia fornecer aos nossos inimigos um argumento contra nós, enfraquecendo a determinação dos nossos amigos; poderia agitar a população árabe; poderia enfraquecer os argumentos do Estado nos tribunais de justiça; e os factos revelados poderiam ser interpretados como crimes de guerra israelita”. Alegando também que: “Todos esses argumentos devem ser rejeitados. Esta é uma tentativa de esconder parte da verdade histórica, para construir uma versão mais conveniente”.

 O que diz Malmab?

Yehiel Horev foi o guardião dos segredos da instituição de segurança durante mais de duas décadas. Chefiou o departamento de segurança do Ministério da Defesa de 1986 a 2007 e, naturalmente, manteve-se longe dos holofotes. Para seu bem, agora, concordou falar, de forma franca, ao Haaretz, sobre o projecto dos arquivos.

 “Não me lembro de quando começou”, diz Horev, “mas sei que fui eu que iniciei o projecto. Se não me engano, começou quando as pessoas quiseram publicar documentos dos arquivos. Tivemos que montar equipas para examinar todo o material que iria sair.”

 A partir de conversas com directores de arquivo, ficou claro que uma boa parte dos documentos sobre os quais foi imposta a confidencialidade está relacionada com a Guerra da Independência. Esconder os eventos de 1948 é parte do plano do Malmab?

 “O que significa ‘parte do plano’? O assunto é examinado com base no que poderia ser prejudicial para as relações exteriores de Israel e também para a sua defesa. Esses são os critérios. Acho que ainda é relevante. Não há paz desde 1948. Posso estar errado, mas, tanto quanto sei, o conflito israelo-árabe não foi resolvido. Então, sim, pode ser que os assuntos problemáticos permaneçam”.

 Questionado sobre como tais documentos podem ser problemáticos, Horev fala da possibilidade de agitação entre os cidadãos árabes do país. Do seu ponto de vista, todos os documentos devem ser lidos e , caso a caso, serem tomadas as decisões.

 Se os eventos de 1948 não fossem conhecidos, poderíamos discutir se essa abordagem é a correcta. Mas não é este o caso. Muitos testemunhos e estudos têm surgido sobre a história do problema dos refugiados. Qual é o sentido de esconder os assuntos?

Refugiados palestinianos na área de Ramle, 1948. Boris Carmi / Arquivos das Forças de Defesa de Israel
Refugiados palestinianos na área de Ramle, 1948. Boris Carmi / Arquivos das Forças de Defesa de Israel

 “A questão é saber se pode, ou não, causar problemas. É um assunto muito sensível. Nem tudo foi publicado sobre a questão dos refugiados, e existe todo o tipo de narrativas. Algumas dizem que não houve fuga, apenas expulsão. Outras dizem que houve fuga. Não é preto e branco. Há uma diferença entre a fuga e aqueles que dizem que foram expulsos à força. São cenários diferentes. Não posso dizer, agora, se merece total confidencialidade, mas é um assunto que, definitivamente, precisa ser discutido antes de qualquer decisão, sobre o que publicar, ser tomada.”

 Durante anos, o Ministério da Defesa impôs a confidencialidade de um documento detalhado que descreve as razões da partida daqueles que se tornaram refugiados. Benny Morris já escreveu sobre o documento. Então, qual a lógica em mantê-lo oculto?

 “Não me lembro do documento que você está a referir. Mas se ele o citou e o documento em si não está lá [isto é, onde Morris diz que está], os argumentos dele não são fortes. Se ele afirmar: “Sim, eu tenho o documento”, não posso argumentar. Mas se ele apenas disser que “está lá escrito”, isso pode estar certo como também pode estar errado. Se o documento já esteve fora e agora está selado no arquivo, diria que isso é uma estupidez. Mas se alguém o citou – existe uma diferença do dia para a noite, no que diz respeito à validade  das provas por ele citadas”.

 Neste caso, estamos a falar sobre o investigador mais citado quando se trata de assuntos relacionados com os refugiados palestinianos.

 “Dizer ‘investigador’ não me impressiona. Conheço pessoas no meio académico que só dizem disparates sobre assuntos que eu conheço de A a Z. Quando o Estado impõe a confidencialidade, o trabalho publicado fica enfraquecido, já que ele não tem o documento.”

 Mas não será esconder documentos, mencionados em notas de rodapé de livros, uma tentativa de trancar a porta do estábulo depois de os cavalos já terem fugido?

 “Eu dei-lhe um exemplo, isso não quer dizer, necessariamente, que seja o caso. Se alguém escrever que o cavalo é preto, se este não estiver fora do celeiro, não tem como provar que ele é realmente preto.”

 Existem opiniões legais que declaram que a actividade do Malmab nos arquivos é ilegal e não autorizada.

 “Se eu souber que um arquivo contém material confidencial, tenho o poder de dizer à polícia para ir lá e confiscar o material. Eu também posso utilizar os tribunais. Eu não preciso da autorização do arquivista. Se houver material confidencial, tenho autoridade para agir. Há política específica. Os documentos não são selados sem motivo. No entanto, apesar de tudo, não lhe vou dizer que tudo o que é selado é 100% justificado.”

 O Ministério da Defesa recusou-se a responder a perguntas específicas sobre as conclusões desta reportagem, respondendo apenas: “O director de segurança da instituição de defesa opera em virtude da sua responsabilidade em proteger os segredos do Estado e das suas propriedades relacionadas com a segurança. O Malmab não fornece detalhes sobre o seu modo de operar ou as suas missões”.

Enterrando a Nakba

The Palestinian Nakba (catastrophe)

PRESS RELEASE

Issued by the Diplomatic Mission of Palestine in Portugal

 

On the Occasion of the Palestinian Nakba day, Dr. Hikmat Ajjuri, the Palestinian Ambassador to Portugal says: “On Sunday, May 15, we mourn the Day when Palestine was murdered to the birth of the State of Israel. A day that is very sad to the Palestinians in which the Zionist forces committed 33 massacres and destroyed 450 Palestinian towns and in which 750,000 Palestinians were expelled from their homes.”

 

Ambassador Ajjuri Added: “The Israelis succeeded in wiping off our villages but failed to do so with our memory.”

 

Dr. Ajjuri continued: “The only assurance that both the Palestinian Nakba and the Jewish holocaust will become frozen moments in history is by granting the Palestinians their inalienable right to celebrate their independence as their Israeli neighbours do”.

 

Annually and for the past 68 years, the Palestinians commemorate, the 15th of May, the most calamitous day in their contemporary history. Thus, every year when the Israelis celebrate the achievement of their statehood, the Palestinians mourn the Nakba (catastrophe), the great historical calamity that saw the sinews of their society shredded, their towns and villages invaded, their cities sacked and depopulated, their people – the rightful owners of the land – uprooted, evicted and scattered across the Arab world.

 

In 1948, the Jewish Zionists widened their territorial control on every front and in the end commanded 78%, instead of the 56% allotted to them by the United Nations’ partition plan of historic Palestine. In the same short period approximately 750,000 Palestinians were driven from their homes, many forcibly, at the hands of Zionist gangs and thus found themselves until this date, homeless and stateless refugees. As part of the Zionist organized ethnic cleansing campaign, more than 450 of the Palestinian villages were wiped off the face of earth purposefully to make way for an expanded Jewish state in historic Palestine, by the aforementioned gangs.   Most Israeli and Palestinian historians, of them the Jewish historian Illan Pappe, now agree, that the Zionist gangs conducted a concerned campaign of terror and atrocities including massacres. In spite of those Zionists’ inhumane practices, the Palestinians have miraculously recovered from them. They were intended to ethnic cleanse the Palestinians and to forcibly expel them in order to uproot them and erase their presence, which was rooted in the depths of their land and history. In those dark days the Palestinian people had looked to the United Nations organization as a beacon of hope and appealed for ending the injustice and for achieving justice and peace.

On the 29th 0f November 2012, and after 65 years of misery, 138 countries decided to take a stand in support of peace, justice, morality and human decency by voting in favour of Palestine as a non-member observer state at the UNGA.

In this regard the Palestinians, and regardless of their continued suffering until today at the hands of the Zionist Israeli occupiers, are obliged to say that they are indebted to Portugal along with another 137 countries which have rescued the chances of peace by rescuing the two state solution.

Comunicado de Imprensa

Emitido pela Missão Diplomática da Palestina, por ocasião do Dia da Nakba

Por ocasião do dia da Nakba Palestiniana, O Embaixador da Palestina, Dr. Hikmat Ajjuri, declara: “No Domingo, dia 15 de Maio, estaremos de luto, marcando o dia em que a Palestina foi assassinada, para nascer, no seu lugar, o Estado de Israel. É, como devem imaginar, um dia muito triste para os palestinianos. Em 1948, as forças sionistas cometeram mais de 33 massacres, destruíram mais de 450 cidades e vilas palestinianas e expulsaram cerca de 750.000 palestinianos das suas casas.”

O Embaixador Ajjuri acrescenta: “Os israelitas conseguiram apagar as nossas vilas, mas nunca conseguirão apagar a nossa memória.” E diz: “A única garantia de que a catástrofe palestiniana se tornará um momento congelado na história, tal como o holocausto judeu, será através do alcance de uma paz baseada na justiça, no respeito mútuo, através da garantia dos direitos inalienáveis de autodeterminação aos palestinianos, e na celebração da sua independência, tal como os seus vizinhos israelitas.”

Anualmente e durante os últimos 68 anos, os palestinianos marcam o dia 15 de Maio como o dia mais triste da sua história contemporânea. Em 1948, os judeus sionistas espalharam o seu controlo territorial em todas as frentes, acabando por conquistar 78% do território, em vez dos 56% que lhes foram atribuídos pelo plano da ONU de partilha da Palestina histórica. Neste mesmo curto período de tempo, aproximadamente 750,000 mil palestinianos foram expulsos das suas casas à força pelas mãos de gangues sionistas. Estas pessoas encontram-se, até a data de hoje, refugiadas, sem teto nem estado. Os gangues sionistas aniquilaram mais de 450 vilas palestinianas da face da terra, propositadamente para abrir caminho a um Estado Judeu expandido na Palestina histórica. A maioria dos historiadores palestinianos e israelitas – como o historiador judeu Ilan Pappe – já provaram que os gangues sionistas realizaram uma campanha de terror e atrocidades, incluindo massacres contra a população indígena da Palestina.

Apesar das práticas desumanas sionistas, os palestinianos conseguiram, milagrosamente, recuperar. Estas práticas foram executadas com os objectivos de limpeza étnica dos palestinianos e de expulsão à força dos seus territórios, a fim de arrancar e apagar a sua presença, que está enraizada nas profundezas da sua terra e na sua história. Nos dias mais difíceis, o povo palestiniano dirigiu-se à organização das Nações Unidas, vista como um farol de esperança, e apelou para que se acabasse com a injustiça e para que se alcançasse a justiça e a paz.

No dia 29 de Novembro de 2012, após 65 anos de miséria, 138 países decidiram tomar uma posição em defesa da paz, justiça, moralidade e decência humana, votando a favor da Palestina como um Estado observador não membro na Assembleia Geral da ONU.

A este respeito os palestinianos, independentemente do seu sofrimento continuado até hoje nas mãos dos ocupantes israelitas sionistas, estão em dívida com Portugal e com outros 137 países, que salvaram a possibilidade de paz ao resgatar a solução de dois Estados.

Special Statistical Bulletin On the 67th Anniversary of the Palestinian Nakba

By: Palestinian Central Bureau of Statistics

The Nakba: historical Facts
Nakba literally means a natural disaster such as an earthquake, volcano, or hurricane. However, the Nakba in Palestine is a process of destroying unarmed indigenous nation to replace it by another ‘grouped-up ‘ nation.

In 1948, 1.4 million Palestinians lived in 1,300 Palestinian towns and villages spreading over all of historic Palestine. More than 800 thousand of them were forcibly displaced from their original towns and cities into the West Bank and Gaza Strip, neighboring Arab countries, and other countries of the world. Along with the displaced, some thousands remained in their hometowns in the so-called ‘1948 areas’. Documentary evidence shows that the Zionist troupes laid hand on 774 towns and villages and destroyed 531 Palestinian towns and villages during the Nakba. The atrocities of Israeli Zionist forces also included over 70 massacres in which 15 thousand Palestinians were killed.

The Demographic Reality: Palestinian population has increased about 9-fold since the Nakba
The estimated of Palestinian population in the world totaled 12.1 million by the end of 2014. This indicates that the number of Palestinians worldwide has multiplied 8.6-fold in the 67 years since the Nakba. According to statistics, the total number of Palestinians living in historic Palestine (between the Jordan River and the Mediterranean) by the end of 2014 was 6.1 million and this number is expected to rise to 7.1 million by the end of 2020 based on current growth rates.

Statistical data ·also show that refugees constitute 43.1% of the total Palestinian population in State of Palestine. UNRWA records showed that there were 5.49 million Palestinian refugees registered in mid- 2014. Around 29.0% of Palestinian registered refugees live in 58 refugee camps, of which 10 are in Jordan, 9 in Syria, 12 in Lebanon, 19 in the West Bank, and 8 in Gaza Strip.

These estimates represent the minimum number of Palestinian refugees, given the presence of non­ registered refugees. These estimates also do not include Palestinians who were displaced between 1949 and the 1967 war, according to the UNRWA definition, and do not include the non-refugees who left or were forced to leave in the aftermath of the war in 1967. The number of Palestinians who remained in their homeland in the 1948 territory after the Nakba was estimated at 154 thousand persons, now in 2014 estimated to be 1.5 million on the 67th anniversary of the Nakba. In the 1948 territories, the sex ratio is 102.2 males per 100 females, while 35.4% of the population are below 15 years of age and 4.3% are aged 65 years and over, based on available statistics relating to Palestinians living in Israel in 2013. This illustrates that the composition of the Palestinian population in the 1948 territory is young, as it is in Palestinian society as a whole.

The number of Palestinians in State of Palestine was estimated at 4.6 million at the end of 2014 : 2.8 million in the West Bank and 1.8 million in Gaza Strip. The number of Palestinians in Jerusalem governorate at the end of 2014 was around 415 thousand, of whom 62.1% live in the areas of Jerusalem illegally annexed by Israel in 1967 (Jl). The fertility rate in Palestine is high, compared to other countries. The total fertility rate in the period 2011-2013 was 4.1 births (3.7 births in the West Bank and 4.5 births in Gaza Strip).

Population Density: Gaza Strip the most crowded place in the world
The population density in State of Palestine at the end of 2014 was 767 individuals per square kilometer (km2 : 500 individuals/km2 in the West Bank and 4,904 individuals/km2 in Gaza Strip. In
Israel, the population density of Arabs and Jews in 2014 was 383 individuals/km2.

Settlements:Most settlers live in Jerusalem as part of Israeli Judaization policy
There were 409 Israeli settlements and military bases in the West Bank at the end of 2013 and the number settlers was around 580,801 at the end of the same year. Most settlements are located in the Jerusalem govemorate. According to data, about 281,684 (48.5%) settlers live in Jerusalem govemorate, of whom 206,705 live in Jerusalem (Jl). The ratio of settlers to Palestinians in the West Bank is 21 settlers per 100 Palestinians compared to 69 settlers per 100 Palestinians in Jerusalem govemorate.

Israeli Settlers Use More Than 50 Million m3 of Water from the Palestinians Water to Cultivate the Land Seized by the Israeli Occupation

Data from the Ministry of Planning on the national strategic framework for the development of policies and interventions in the Area C, based on World Bank report indicates that the total cultivated area in Israeli settlements in the West Bank during 2013 was about 100 km2. The majority of the land is irrigated using more than 50 million m3 of the Palestinians ground water. Irrigated areas cultivated by
Palestinians 2011, are about 78 km2•

Historical Palestine: Israel controls more than 85% of its land
The area of the historical land of Palestine totals about 27,000 km2. Jews exploit more than 85% of the total area of land. Palestinian comprise 48% of the total population in historical Palestine and exploit less than 15% of the land. A Palestinian therefore has less than one fifth of the area available to an Israeli.

Water crisis in Palestine
The situation of water in Palestine differs from other countries in terms of water shortage and the limited water sources that include only the groundwater and surface water. The amount of groundwater pumped in Palestine in 2013 was 262.9 MCM and the water discharged from Palestinian springs was 39.5 MCM in the West Bank for the same year.

The amount of water obtained for Palestinians from groundwater aquifers is estimated at only 15%, while 85% is drawn by Israel. To cover the shortage the Palestinians are forced to purchase water from Israeli Water Company “Mekorot” _ at quantities totaling 63.3 MCM in 2013.

The daily allocation per capita from consumed water for domestic use in 2013: 78.8 Litter/capita/day (1/c/d) in the West Bank and 91.3 1/c/d in Gaza Strip. However, 95% of drinking water in Gaza Strip doesn’t meet WHO standards and is also less than the minimum quantities recommended by WHO (100 1/c/d).

Martyrs: Continuous efforts to build a state
The number of martyrs killed in the al Aqsa Intifada between September 29, 2000 and December 31, 2014 was 10,062. The highest toll was in 2014 with 2,240 Palestinian martyrs, followed by 2009 with 1,219 martyrs. In addition, 306 martyrs, were killed during 2012, 15 of them from the West Bank, and

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291 from Gaza Strip; 189 of them were killed during the Israeli attack on Gaza Strip in November 2012, and 56 martyrs, were killed during 2013, 42 of them from the West Bank, and 14 from Gaza Strip.

Detainees
Data from the Palestinian Commission of Detainees and Ex-detainees show that Israel has arrested more than 850 thousand Palestinians since i 967: more than 85 thousand were arrested since the A1- Aqsa Intifada. Know there are around 6,500 Palestinians in detention. Of these, 24 detainees are female, 200 are children, about 500 Palestinians are held under administrative detention (without trial) and 480 detainees are serving life sentences. Israel arrested 6,059 detainees during 2014. Since 1967, 206 Palestinians have died in Israeli jail s as a result of torture, denial of health treatment or deliberate killing

Health
Statistics for 20 13 showed that the number of physicians per 1,000 population registered in the Physicians’ Union in the West Bank was 1.3 and 2.1 in Gaza Strip. In addition, there were 2.1 nurses per 1,000 population in the West Bank and 4.5 nurses per 1000 population in Gaza Strip in 2013. There were 80 hospitals in Palestine in 2012: 50 hospitals in the West Bank and 30 in Gaza Strip. These included 25 governmental hospitals, 34 non-governmental, 17 private and 3 hospitals run by military
institutions, and one run by UNRWA. There were 5,619 hospital beds: 1.3 beds per 1,000 population
and allocated as 3,263 beds in the West Bank and 2,356 in Gaza Strip. There were 622 primary health care centers in the West Bank in 2013 and 137 centers in the Gaza Strip.

Jerusalem; Systematically Judaizing
The Israeli occupation authorities don’t only demolish Palestinian houses but also hinder the issuance of any building licen es for Palestinians in Jerusalem and its boundaries.

According to Al-Maqdisi Institute, between 2000 and 20 14, the Israeli authorities demolished 1,342 Palestinian buildings in East Jerusalem (the areas annexed by Israel in 1967). This has resulted in the displacement of 5,760 people.

Data show an increase in the cases of residents forced to demolish their own houses: 340 people were forced to demolish their own homes during the period between 2000 and 2014, the highest rate of which was recorded in 2010 with 70 demolitions and 49 in 2009.

Thousands of buildings were destroyed during the Israeli aggression on the Gaza Strip in 2014 Data indicate that the number of completely destroyed housing units during the Israeli aggression on Gaza Strip in summer 2014 was about 9 thousand units. Moreover, 47 thousand housing units suffered partial destruction. Furthermorer , 327 schools were completely destroyed, 50% of which served double shifts. In addition, six universities were partially destroyed. Holy places didn’t survive the attack either with the destruction of 71 mosques and some churches. 20 government buildings were completely destroyed, in addition to the damage caused to 29 hospitals and primary health care centers.

Labor Market 2014
The labor force participation rate in Palestine in 2014 was 45.8%: 45.7% among refugees and 45.8% among non-refugees. The participation rate in the West Bank was 46.6% (47.6% among refugees and 46.2% among non-refugees) compared with 44.4% in Gaza Strip for both refugees and non-refugees. The unemployment rate in Palestine was 26.9% (33.7% among refugees and 22.3% among non­ refugees). The unemployment rate in the West Bank was 17.7% (19.3% among refugees and 17.1%

among non-refugees) compared with 43.9% in Gaza Strip (44.0% among refugees and 43.5% among non-refugees).

Education
According to the primary results of the Education data the 20 14/2015 scholastic year, there were 2,843 schools in Palestine: 2, 145 in the West Bank and 698 in Gaza Strip. Their distribution according to the supervisory authority was follows: 2,096 governmental schools, 349 lJNRWA schools and 398 private schools. The total number of students in these schools exceeded 1.177 million, of whom 586 thousand were male and 591 thousand female. There were 778 thousand students enrolled in governmental schools, 290 thousand enrolled in UNRWA schools, and 109 thousand enrolled in private schools.

The illiteracy rate among Palestinians aged 15 years and above was 3.6% in 2014, distributed as 1.6% of males and 5.6% of females. It was 3.3% among refugees and 3.8% among non-refugees. Inthe field of higher education, there are 14 universities: 5 universities in Gaza Strip and nine universities in the West Bank, in addition to 19 colleges that grant bachelor 1s degrees: 6 in Gaza Strip, and 13 in the West Bank. while, there is only University for Open Education has 15 centers in the West Bank and 5 centers in the Gaza Strip, while there are 18 community colleges: 11 in the West Bank and 7 in the Gaza Strip.

Macroeconomics: Consumer Price Index during 2014
The Palestinian Consumer Price Index increased by 1.73% in 20 14 compared with 2013: by 3.84% in Gaza Strip, 2.85% in Jerusalem (JI), and by 1.20% in the West Bank. In comparison with the base year of 2010, the Consumer Price Index in Palestine increased by 9.42%: by 13.65% in Jerusalem (Jl), 12.44% in the West Bank, and 3. 14% in Gaza Strip.

Trade: Limited Palestinian exports
Both imports and exports of registered goods increased in 2013 over 20 12. In 2013, the value of imported goods totaled USD 5,163.9 million, an increase of 9.9% compared with 2012. The total value of exports was USD 900.6 million, and increased by 15.1% compared with 2012. As a result, the net trade balance in goods recorded a deficit of USD 4,263.3 million in 2013, an increase of 8.9% over 2012.

The results indicate that 87.3% of exports destination was Israel, while only 12.7% of total exports reached other countries excluding Israel. The limited value of exports to other countries was due to Israeli restrictions on Palestinian exports, especially from the Gaza Strip.

Information Society
The percentage of household s that have a computer in the State of Palestine, 63.1% for 20 14, by 66.9% in the West Bank and 55.6% in Gaza Strip, compared with 50.9% of households in 2011. The results show that 48.3% of households in the state of Palestine has a connection to the Internet in 20 14, compared with 30.4% in 2011.

Source: http://www.pcbs.gov.ps/default.aspx

May – Month of Palestinian NAKBA (Catastrophe)

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photos collected from the archive of Palestinian Nakba 

Nakba, meaning catastrophe, is commemorated by Palestinians throughout the world on May 15 every year. It marks the loss, dispossession and historic injustice suffered by the Palestinian people, through the forced expulsion from their homeland by Israeli
forces and Zionist militia. Nakba commemorates the period when approximately 800,000 Palestinians, at the time 67% of the population, became homeless and/or, stateless refugees. Today, it is estimated that 7 of the 11 million Palestinians around the world are refugees -inside and outside Palestine-, still roughly two-thirds of the Palestinian people.
The Palestine Liberation Organization (PLO) maintains that without a just and comprehensive resolution to the plight of Palestinian refugees, which includes the recognition of their loss, pain, and suffering, a comprehensive and viable peace in the region will remain elusive.
In addition to the loss of material property, including homes, land, orchards, groves, gold, money and other valuables, Nakba marks a cultural catastrophe for the Palestinian people, a loss they are still struggling to recover from.
Nakba, for Palestine, is about the loss of potential on a mass scale. It is about reducing a vibrant and highly accomplished culture into one filled with bitter-sweet memories consumed by the national cause of return and justice. Entire villages were destroyed, then rebuilt and renamed; books, music collections and works of art were left behind as people ran for their lives, expecting to return a few weeks later; sports clubs and social organizations disappeared with the communities of which they were a part. It was a systematic campaign of death, destruction, and cultural obliteration, carried out against a nation whose vibrant culture was forcibly stunted.
This document is a snapshot of Palestine before the Nakba. It is by no means comprehensive. Its aim is to provide a window into the Palestinian cultural achievements before 1948 and the devastating effects of this cultural Nakba on the Palestinians, a people whose sheer resilience has preserved a threatened heritage and collective memory. With perseverance and creativity, Palestinians have rebuilt, time and again, their institutions and reconstructed their cultural life, overcoming repeated setbacks and assaults. In short, Nakba is an on-going story of survival

The Untold Story of a Cultural Catastrophe Al Nakba (2)

 

Al-Nakba, a documentary produced by Al-jazeera: